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eduardo longo


Lá nos idos de 1974 Eduardo Longo e eu morávamos no mesmo prédio de três andares na R. Tucumã, um belo dia ele me convidou a conhecer a construção da da Casa Bola na R. Amauri e acabei ajudando na construção, durante alguns dias.

Durante meio século de amizade acompanhei inúmeras fases da Casa Bola, e acabamos fazendo também alguns projetos juntos, como o curso “Viver o Espaço com Eduardo Longo” provido pela Fundação Stickel em parceria com o Espaço Cultural Tendal da Lapa em 2014.

Em contrapartida ao curso, a Fundação editou o livro “Sobre Bolas e outros projetos”, com texto de Fernando Serapião.

É um prazer acompanhar a mente brilhante que aos 80 anos de idade não para de desenvolver sabedorias arquitetônicas!


Um gigantesco espaço com uso múltiplo, estacionamento, estúdio de fotografia, e mais o que você quiser!


O arquiteto em sua “praia”…


A praia…


O posto de observação predileto, em frente à Av. Brig. Faria Lima.

é isso, por fernando stickel [ 9:24 ]

viver o espaço-eduardo longo


Encerramento da oficina “Viver o Espaço com Eduardo Longo” provida pela Fundação Stickel em parceria com o Espaço Cultural Tendal da Lapa no Sábado, 29 de novembro de 2014.

Ministrada pelo visionário arquiteto Eduardo Longo, que nos anos 70 colocou abaixo sua casa e a transformou, literalmente, em uma bola, a oficina apresenta conceitos básicos da arquitetura, soluções criativas para o aproveitamento do espaço e confecção de maquetes e desenhos com material reciclável. 


Arquiteto Eduardo Longo


O professor.


A maquete coletiva.

é isso, por fernando stickel [ 17:55 ]

eduardo longo no tendal da lapa

banner eduardo longo
O que você faz com o seu lixo reciclável? Quantas pessoas cabem em um ônibus? Qual é o cômodo mais importante de uma casa? 

Questões como estas serão debatidas na Oficina “Viver o Espaço com Eduardo Longo”, que a Fundação Stickel, em parceria com o Espaço Cultural Tendal da Lapa, oferece à comunidade a partir de agosto. Ministrada pelo visionário arquiteto Eduardo Longo, que nos anos 70 colocou abaixo sua casa e a transformou, literalmente, em uma bola, a oficina apresenta conceitos básicos da arquitetura, soluções criativas para o aproveitamento do espaço e confecção de maquetes e desenhos com material reciclável. 

Os encontros são destinados às pessoas que tenham disponibilidade de horário aos sábados, das 10h às 12h. A oficina ocorrerá no Tendal da Lapa, de 23 de agosto a 29 de novembro de 2014. Estão programadas visitas a equipamentos públicos e à casa do arquiteto, custeadas integralmente pela Fundação Stickel. 

As inscrições poderão ser feitas pelo site da Fundação Stickel ou presencialmente no Tendal da Lapa (Rua Constança, 72). Para mais informações, ligue: 3862-1837 ou 3083-2811. 

O que: Oficina “Viver o Espaço com Eduardo Longo”
Quando: De 23 de agosto a 29 de novembro de 2014
Horário: Todos os sábados, das 10h às 12h (horário estendido nos dias de visita externa)
Onde: Tendal da Lapa – Rua Constança 72
Inscrições: De 21 de julho a 16 de agosto pelo site da Fundação Stickel ou no próprio Tendal

é isso, por fernando stickel [ 15:00 ]

livro eduardo longo

Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Museu da Casa Brasileira, Fundação Stickel e Paralaxe Editora, convidam para o lançamento do livro

“Sobre bolas e outros projetos – Eduardo Longo arquiteto”

Sexta-feira, 8 Novembro às 19:30
Museu da Casa Brasileira
Av. Brig. Faria Lima 2705, São Paulo

convite eduardo1
ESPAÇO

– O espaço feito pelo homem, seu conceito, qualidade, funcionalidade e beleza.
– O preço e o valor do espaço, seu design e originalidade, sua capacidade de encantar e transmitir uma mensagem.
– O espaço depurado.

O espaço essencial.

Todas estas questões que estão – deveriam estar… – presentes na vida e na obra dos arquitetos se tornam particularmente significativas para Eduardo Longo, que se dedicou à busca do mínimo espaço essencial, pesquisa que instrumentou a construção da “Casa Bola” na Rua Amauri.
Bola essa que ajudei fisicamente a construir, conhecendo e admirando durante o breve período em que lá trabalhei.

– Liberdade de quebrar paradigmas;
– Coragem de se despir do supérfluo e de se utilizar como “cobaia’ para os experimentos de espaço mínimo;
– Destreza manual, pondo diariamente em prática pequenas invenções, necessárias à consecução da “Casa Bola”, espaço em que nada é padrão e tudo tem que ser criado, portas dobradiças, encanamentos, luminárias, tudo foi reinventado.
– Alto senso estético, capacidade de surpreender.

Tenho certeza de que todo este cabedal de conhecimento do arquiteto Eduardo Longo será partilhado com sucesso nas comunidades carentes em que a Fundação Stickel atua, pois o patrocínio que esta publicação recebeu se converterá, por meio do “Projeto Contrapartida”, em uma oficina de convivência orientada pelo arquiteto. Esta oficina será destinada aos moradores do entorno das Fábricas de Cultura, programa da Secretaria de Estado da Cultura do Governo de São Paulo, parceira da Fundação Stickel no desenvolvimento de suas atividades.

Fernando Stickel
Diretor Presidente
Fundação Stickel

livro el
O livro ficou lindo!!
Texto de Heitor Serapião
Fotos de José Moscardi, Leonardo Finotti e Luiz Calazans
Ilustrações de Neco Stickel, Vallandro Keating, Fuller Archives e Eduardo Longo

Agradecimentos a Bruno Guedes, Eduardo Longo, Fernando Stickel, George Longo e Thiago Calazans

é isso, por fernando stickel [ 17:22 ]

eduardo longo na fábrica de cultura

três
Estes três cavalheiros estiveram hoje de manhã na Fábrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha, para pensar em uma operação conjunta. À esquerda na foto o arquiteto Eduardo Longo, no centro eu, à direita o arquiteto e desiner gráfico Marcelo Aflalo.

Trata-se de alinhavar um novo Projeto Contrapartida para a Fundação Stickel executar com sua parceira Fábrica.

De um lado a execução do livro “Sobre bolas e outros projetos” abordando a obra do Eduardo, conhecido como o arquiteto da “Casa Bola” da R. Amauri. O livro já tem design preliminar do Marcelo / Univers Design, e projeto inscrito e aprovado na Lei Rouanet.

De outro lado a Fundação Stickel como viabilizadora inicial do projeto do livro, recebendo em contrapartida do Eduardo um curso de arquitetura/vivência de espaços a ser ministrado na Fábrica de Cultura.

livro bola
O interessante disto tudo é que o Eduardo não é um arquiteto convencional, sua trajetória para chegar à “Casa Bola” minimalista, projetada e construida por ele, e onde mora há 30 anos, envolve profunda compreensão dos usos e costumes de uma residência, revendo o conceito de moradia como espaço essencial. Esta riquíssima vivência, e todas as histórias que a acompanham, poderá ser compartilhada com os moradores da Vila Nova Cachoeirinha, assim que nosso projeto frutificar.


Os arquitetos no escritório da Fundação Stickel.

é isso, por fernando stickel [ 18:28 ]

eduardo longo


Neste prédio da R. Bela Cintra tive o primeiro contato com a obra do arquiteto Eduardo Longo.
Foi assim:
Eu cursava em 1968 o Cursinho Universitário, me preparando para o vestibular de arquitetura, naquela época era a FAUUSP e o Mackenzie, e precisava fazer um desenho grande.
Meu amigo Rubens Mario (já falecido) se propos a me ajudar e disse que eu poderia usar a prancheta do Eduardo, eu fiquei meio constrangido, porque não conhecia o arquiteto pessoalmente, só de sua fama.
O Rubens Mario disse que não tinha problema, que o Eduardo era “gente fina” e que não iria reclamar, e lá fui eu em uma tarde desenhar no apartamento do arquiteto.
Lá chegando fiquei maravilhado, era um apartamento pequeno, todo reformado, com o teto em ângulos, um biombo de metal e a porta do banheiro amarela parecia uma porta de submarino, achei o máximo!
Logo depois conheci-o pessoalmente, e somos amigos desde então.


O próprio Eduardo me fez a gentileza de enviar as fotos do apartamento.

é isso, por fernando stickel [ 18:24 ]

de pessoas e suas influências


Frederico Nasser e eu, na festa de noivado com Maria Alice Kalil, 1970

Somos a soma de nós mesmos com tudo o mais e mais um pouco, tudo misturado. Adicione ao seu eu genético, à sua estrutura biológica original, os aprendizados e as circunstâncias, as encrencas e os lugares, os amores e as paixões, as amizades, as viagens, os livros que leu e naturalmente os muitos erros e os poucos acertos eventualmente cometidos e me terás. Vou tentar explicar. Ou não.
Deixemos que as minhas memórias falem por si, em sua lógica peculiar.

No colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, um único professor me deixou saudades, pelo seu brilho, personalidade e integridade: Albrecht Tabor, professor de biologia e cientista maluco… A mesma coisa aconteceu no Colégio Santa Cruz com Flavio Di Giorgi, professor de português e um sábio em geral. Me preparando para o vestibular de arquitetura no Cursinho Universitário em 1968, tive mestres como o artista plástico Luis Paulo Baravelli, que me capturou imediatamente com sua simpatia e a fascinante habilidade de desenhar, e o cineasta Francisco Ramalho Jr., professor de física.
Na mesma época, um amigo me falou de um curso de desenho do professor Frederico Nasser, em uma casinha de vila na Rua da Consolação, estúdio emprestado por Augusto Livio Malzoni. Procurei o Frederico e iniciamos nossas aulas.

Preciso abrir aqui um parêntese. Frederico Nasser teve uma importância gigantesca na minha vida e na minha opção pelas artes plásticas. Foi uma presença instigante, fascinante, generosa, surpreendente, carismática – um poderoso magneto que despertava conhecimento, provocava sede de saber e, de quebra, irradiava uma atração que amalgamou muitas pessoas em um grupo de amigos e amantes das artes que de uma maneira ou de outra gravitaram em torno dele e da Escola Brasil:. Amigos como Augusto Livio Malzoni, Sophia Silva Telles, Dudi Maia Rosa, Baby Maia Rosa, Gilda Vogt, Norma Telles, Lucila Assumpção, José Carlos BOI Cezar Ferreira, Leila Ferraz, Wesley Duke Lee, Maciej Babinski, Megumi Yuasa e muitos outros que aparecerão aqui e ali, ao longo das próximas linhas. Fecho aqui o parêntese.

Os alunos desenhavam em uma espécie de pátio, sob uma pérgula. Neste local, Frederico me apresentou Marcel Duchamp, através da “bíblia” The Complete Works of Marcel Duchamp, escrita por Arturo Schwarz e publicada pela Thames and Hudson em 1969, e assim selou meu destino, me conectando irremediavelmente às artes. Lá encontrei também o meu primo Marcelo Villares e fiquei conhecendo dona Rene, mãe do Dudi. Não sei como eu encontrava tempo para tudo isso, cursando simultaneamente o terceiro colegial, hoje o último ano do ensino médio. Foram tempos muito ricos e intensos!
Um dia precisei fazer um desenho grande e não tinha um lugar adequado. Meu amigo Rubens Mario se propôs a ajudar e disse que eu poderia usar a prancheta de um amigo dele, o arquiteto Eduardo Longo. Rubens Mario me garantiu que não haveria problema, que o Eduardo era “gente fina” e lá fui eu em uma tarde desenhar no apartamento do arquiteto na rua Bela Cintra. Fiquei maravilhado com o pequeno apartamento todo reformado, com o teto em ângulos, um biombo de metal e a porta do banheiro pintada de amarelo parecendo um submarino. Achei o máximo. Logo depois conheci o Eduardo pessoalmente e nos tornamos amigos desde então.
Pouco depois, passei no vestibular da FAUUSP e fui com meu colega Edo Rocha para a Bahia comemorar. Na volta de Salvador, capotamos o meu Fusca 68 bordô perto de Jequié, mas esta é uma outra história.

Em 1969, Frederico Nasser mudou seu espaço de aulas para um sobrado no Itaim, na rua Pedroso Alvarenga. Vários colegas recém-ingressados na FAUUSP desenhavam lá também, como o Edo Rocha e Cassio Michalany, Plinio de Toledo Piza, Leslie M. Gattegno e Claudio Furtado. Enquanto desenhávamos nus femininos dentro de casa, Frederico, muito focado, pintava coisas esquisitas no pátio externo…
No segundo semestre daquele ano, Frederico organizou em um domingo de manhã uma visita de seus alunos ao estúdio do mestre Wesley Duke Lee em Santo Amaro. Entrar naquele estúdio era um privilégio, fiquei totalmente fascinado. Com sua cultura e charme inigualáveis, Wesley falou sobre muitas coisas, mas sobretudo de tecnologia e da recém-ocorrida chegada do homem à Lua, no dia 20 de julho. Inesquecível.


Nas setas vermelhas eu e Maria Alice Kalil em Cabo Frio

E veio então o réveillon de 1970 em Cabo Frio, na casa do tio Bubi e da tia Lila, promovido pelo João e a Marília Vogt. O espírito da coisa era “EU VOU!”. Ninguém perguntou se tinha lugar ou convite, o negócio era simplesmente ir! (Os anfitriões não gostaram muito… mas no final deu tudo certo). Foram dias fantásticos, mais de 30 amigos e parentes, a casa explodindo, a pequena piscina abarrotada de gente!! Minha memória acusa a presença, entre outros, dos anfitriões Bubi e Lila e dos coanfitriões João e Marilia, claro, e de Baravelli e Sakae, de Zé Resende e Sophia, de Carlos Fajardo e Renata, mais o Frederico, Dudi, Gilda, Ricardo Alves Lima, Monica Vogt, Maria Alice Kalil.

Em janeiro de 1970 Frederico Nasser, Dudi, Augusto Livio e eu dividimos um gigantesco quarto no Wellington Hotel da 7ª Avenida em Nova York para um mês de imersão no universo das artes, com direito a tropeçar em Diane Arbus no restaurante Automat Horn & Hardardt na Rua 57 e visita à inesquecível exposição “New York Painting and Sculpture: 1940-1970” no Metropolitan Museum of Art, inaugurando o seu Departamento de Arte Contemporânea sob curadoria de Henry Geldzahler.


A Escola Brasil: na Av. Rouxinol 51

Pouco depois, na sequência do estúdio na Rua Pedroso Alvarenga, Frederico e os amigos e colegas das artes plásticas Baravelli, Fajardo e Zé Resende criaram o Centro de Experimentação Artística Brasil, na Avenida Rouxinol, em Moema. Conhecida como Escola Brasil:, eu fui um de seus alunos no ano de abertura.


Futebol dos “pernetas”na R. dos Franceses. De costas, Baravelli.

Foi também em 1970, na quadra multiuso nos fundos da casa dos meus pais, na Rua dos Franceses, que eu e o grupo de amigos da Escola Brasil: inventamos um jogo de futebol. O mais engraçado é que, se bem me lembro, nenhum dos participantes tinha muita intimidade com o esporte bretão – sempre fui um perna de pau, isso posso garantir! Além de mim e do Neco, meu irmão, jogavam Frederico, José Carlos BOI, Cassio, Fajardo, Leslie e Baravelli. Fora os “jogadores”, também estavam lá a Sakae, mulher do Baravelli, e o filho deles, o Zé.


Capa do catálogo de Frederico Nasser para a exposição BFNR, com dedicatória. Eu estou na foto de costas, em primeiro plano.

Em agosto do mesmo ano, os incansáveis Frederico, Baravelli, Fajardo e Zé Resende realizaram a poderosa exposição BFNR 1970 no MAM Rio de Janeiro, que viria no mês seguinte para o MACUSP, no prédio da Bienal em São Paulo – eu apareço na capa do catálogo do Frederico, de quem fiz alguns retratos para esta mesma edição. Fui ao Rio para a inauguração da exposição e me hospedei “comme il faut” no apartamento da vovó Zaíra, de frente para o mar no Posto 6, em Copacabana. Foram dias deliciosos com direito a um jantar no clássico Antonio’s.

Visitar o estúdio/oficina do Baravelli na Escola Brasil: era o máximo, assim como seus estúdios particulares, sempre fascinantes, muito bem resolvidos arquitetonicamente, amplos, limpos, organizados. (O mesmo fascínio e curiosidade acontecia também no novo estúdio do Fajardo, em um porão da Rua Pamplona, onde ele também dava aulas.)
Havia de tudo nos estúdios do Baravelli, até um pote com unhas cortadas… Foram muitos os espaços ao longo dos anos:
– Avenida Miruna, de 1967 a 1971;
– Rua Padre João Manoel, esquina com a Oscar Freire, de 1971 a 1974;
– Rua Pedroso Alvarenga, de 1974 a 1979;
– Rua João Cachoeira, de 1980 a 1984;
– Granja Viana, 1984 até hoje.
Pelo menos duas galerias saíram das hábeis mãos do Baravelli – a Galeria São Paulo, da Regina Boni, na Rua Estados Unidos, e a Galeria Luisa Strina, aberta em seu segundo estúdio particular, citado na lista ali em cima.
Com acesso pela Rua Padre João Manoel, uma escada levava à galeria na sobreloja. Passando por um pequeno espaço administrativo, chegava-se a um paralelepípedo de paredes brancas com o chão de tacos de madeira onde, logo à esquerda, o “escritório” da Luisa Strina era nada mais que uma mesinha com telefone e algumas cadeiras confortáveis. Sentada em seu canto, com as unhas impecavelmente esmaltadas de vermelho, ela recebia os amigos e os clientes, colecionadores, xeretas e desocupados em geral que lá ficavam papeando e, naturalmente, comprando!
Lá encontrei inúmeras vezes o meu contraparente Pituca Roviralta, um dos primeiros compradores do meu trabalho.


Frederico Nasser, Dudi Maia Rosa, Carlos Fajardo e José Carlos BOI Cezar ferreira

Em 1971 casei com Maria Alice Kalil e convidei o Frederico Nasser para ser meu padrinho. Durante alguns anos, Frederico frequentou assiduamente nosso apartamento na Rua Hans Nobiling. Éramos amigos íntimos, ele aparecia com presentes, uma bebida, um desenho do Evandro Carlos Jardim. No apartamento de cima, sempre havia umas festas e acabamos descobrindo que lá morava o mafioso Tommaso Buscetta!!
O casamento com a Alice terminou, mudei para um apartamento na Rua Tucumã, 141, e comecei a namorar a Iris Di Ciommo por volta de 1974.

No enorme apartamento na Avenida Angélica, de frente para a Praça Buenos Aires, onde morava com os pais, dona Rene e Lamartine, Dudi montou um pequeno atelier de gravura. Foi lá que ele me apresentou à técnica e eu fiz a primeira e única gravura da minha carreira ¬– me lembro bem até do dia – em 10 de agosto de 1972. Obrigado, Dudera!
Neste mesmo ano, Dudi e Gilda se casaram em uma linda festa na casa do João e Marília em Osasco.

Um dos integrantes da turma da Escola Brasil:, Xico Leão era um doce de pessoa, simpático, reservado, atencioso e, além de tudo, um excelente pintor. Marina, sua filha, muito jovem e delicada, caiu nas graças do professor Frederico Nasser. Quando o namoro evoluiu para o casamento, Frederico me convidou para ser seu padrinho. Felizes com a deferência, na quarta-feira 8 de dezembro 1976 Iris e eu embarcamos na minha VW Variant amarela para estarmos pontualmente, às oito e meia da noite, na casa dos pais da noiva, Xico e Zizá, na Rua Bolívia.
O casamento se deu em altíssimo astral. Nos divertimos muito, fiquei bêbado, conversei com todo mundo, foi uma farra! Lá pelas tantas, encontrei dona Maria Cecilia, minha professora do Kindergarten no Colégio Porto Seguro, e me apresentei a ela:
– D. Maria Cecilia, que prazer!!! A senhora está muito bem!!!
Ela me olhou de viés, sem entender direito, e eu prossegui rodopiando…
Iris e eu fomos os últimos a deixar a festa, comigo pilotando alegremente a Variant amarela como se fosse um Porsche. Lembro-me de que, no dia seguinte, repassando a façanha automobilística da madrugada, decidi comigo mesmo nunca mais cometer a tolice de pilotar embriagado.


Pinturas de Cassio Michalany, presente para a afilhada Fernanda.

Em 1977, nasceu minha filha Fernanda. Seu padrinho, o Cassio, a presenteou com uma tela de 15 x 15 cm, um ladrilho tecido e pintado a mão – em cada aniversário, ela ganharia mais um. Dois anos depois, nasceu o meu filho Antonio e convidei Frederico Nasser para ser seu padrinho, mas ele não pôde estar presente ao nascimento.
Na mesma época, Frederico planejava abrir uma livraria. Em uma conversa com Dudi no Guarujá , Claudinho Fernandes, que também flertava com a mesma ideia, ficou sabendo dos planos do amigo em comum e os dois acabaram se tornando sócios para abrir, em 1978, a Livraria Horizonte.
O imóvel selecionado na Rua Jesuíno Arruda, 806, quase esquina com a João Cachoeira, abrigava originalmente um açougue, mas Baravelli, o homem dos sete instrumentos, transformou o lugar em uma charmosa livraria de tijolinhos à vista. A Horizonte acabou virando ponto de encontro dos amigos artistas, sempre uma farra com sua enorme mesa central e poltronas confortáveis completando o ambiente acolhedor. No andar de cima, Frederico tocava sua editora Ex Libris. Naquela época, eu era sócio do Norberto (Lelé) Chamma na empresa de design gráfico und – assim mesmo, com minúscula – e produzimos alguns itens gráficos para a livraria.
Cerca de dois anos depois, Frederico desmanchou a sociedade com Claudinho e montou uma nova livraria a poucos metros da Horizonte, na Rua João Cachoeira, 267 – a Universo. Também com projeto do Baravelli, a execução da obra ficou a cargo do Roberto “faz tudo”, com o chão de tijolo aparente, cortado a 45 graus, dois mezaninos e janelas ilegalmente abertas para a lateral do prédio.
A Universo tinha como vizinhos a CLICK Molduras, de Odila de Oliveira Lee, mulher de William Bowman Lee, pais de Wesley; o estúdio da vez de Baravelli, na sobreloja; e o escritório de paisagismo de Toledo Piza, Cabral e Ishii, arquitetos associados, na edícula.
Algum tempo depois, a livraria fechou as portas ao público, trabalhando somente com visitas agendadas, agora especializada em livros raros. Lá, Frederico continuou a operar a Editora Ex Libris, lançando em 1987 o notável O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo, edição fac-símile do diário coletivo da garçonnière de Oswald de Andrade.
No estúdio em cima da Universo, Baravelli trabalhava à noite. Os amigos mais próximos se davam o direito de chegar, tocar a campainha, subir as escadas e ficar lá perturbando o artista. Por vezes, para frear o ímpeto da turma, ele colocava um bilhete na campainha: ESTOU TRABALHANDO – CAMPAINHA DESLIGADA.

Foi neste espaço que, certo dia, Baravelli confidenciou aos amigos:
– Estou com uma grana, não sei se faço uma revista de arte ou compro um Camaro…
A opção foi fazer a revista Arte em São Paulo. Muito pragmaticamente, ele fez uma lista dos itens necessários e comprou:
_ Impressora;
_ Prensa de hot stamping para as capas;
_ Encadernadora espiral;
_ Estoque de papel para impressão;
_ Estoque de cartão para as capas.
Em seguida contratou Lisette Lagnado e Marion Strecker Gomes, duas jovens estudantes de jornalismo, para tocarem a revista. O primeiro número saiu em 1981, com um texto meu sobre Cassio Michalany. O último saiu em 1985.

Entrando nos anos 1980, minha vida virou de ponta cabeça. Tomei a decisão de ser artista plástico em tempo integral, saí do escritório de design gráfico und e me separei da Iris, mudando para o apartamento da Rua dos Pinheiros.
Foi um ano estressante, trabalhoso, caótico!

A esta altura, começava a se quebrar o encanto dos anos 1970, criativos e loucos, com os contatos entre aquela grande turma de amigos se espaçando, as amizades se esgarçando, os filhos nascendo e crescendo, cada um cuidando de sua vida. Foi nessa época que Frederico Nasser iniciou um misterioso processo de se fechar para o mundo. Pouco a pouco, foi evitando o contato social com os amigos e a família, se isolando mais e mais, sem responder nem mesmo aos telefonemas. Ninguém entendia o que estava acontecendo.
Muitos anos depois, andando de carro pelo Itaim, o avistei caminhando na calçada oposta. Parei o carro e corri para ele de mão estendida, feliz com o encontro! Frederico me ignorou solenemente e passou reto… Fiquei ali incrédulo, parado com a mão estendida, observando ele se afastar totalmente alheio à minha presença…
Que Frederico Nasser era aquele?!!
Seu coração falharia definitivamente no início de 2020, aos 75 anos de idade. É sempre muito triste e difícil aceitar a perda de um amigo. O luto e a tristeza que senti naquele momento, na verdade, já vinha sentindo e trabalhando durante quase 40 anos…

Fernando Stickel,
9 de julho de 2020

Uma conjunção muito especial de fatores propiciou a sistematização destas memórias, focadas nos anos 1970, um pouco antes e um pouco depois. Em fevereiro de 2020, faleceu meu grande amigo Frederico Nasser. Em seguida, a pandemia do coronavírus e a quarentena redefiniriam o mundo como o conhecíamos.
Foi neste contexto que me voltei a arquivos fechados há muitos anos, repassando textos e a memorabilia do período para atualizar minhas memórias ¬– e este blog.
Um documento em particular atuou como poderoso catalisador de lembranças, o convite de casamento do Frederico e Marina. Foi fundamental a ajuda dos amigos em várias conversas para ajustar algumas datas, locais e nomes.
Deixo aqui um agradecimento especial para Sandra Pierzchalski, Plinio de Toledo Piza Filho, Claudio Furtado, Iris Di Ciommo, Claudio Fernandes, Mauro Lopes, Monica Vogt Marques, Luis Paulo Baravelli, Cassio Michalany e José Resende.

Fernando Stickel,
10 de outubro de 2021

Revisão do texto: Tato Coutinho

é isso, por fernando stickel [ 10:37 ]

cidade matarazzo

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Grupo de alunos da oficina “Viver o Espaço com Eduardo Longo” promovida pela Fundação Stickel visita a Cidade Matarazzo, e acompanha a palestra do restaurador Pedro Vieira, com papéis na mão.

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Depois de 20 anos abandonado, o hospital transformou-se na Cidade Matarazzo pelas mãos do grupo francês Allard, que como primeira ação de revitalização criou a exposição Made by… Feito por Brasileiros, em cartaz de 9 Setembro a 12 Outubro.

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Trabalho de Rochelle Costi

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Parte da instalação de Tunga, a menina pegou carona na arte…

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Trabalho de Sofia Borges.

é isso, por fernando stickel [ 18:00 ]

automobilismo e arquitetura

osveio.jpg
Na foto, da esq para a direita, eu, Anisio Campos, Eduardo Longo e Lian Duarte.

A arquitetura, design, arte e automobilismo sempre se cruzam quando o assunto é Anisio Campos.
No final das contas estamos sempre falando sobre e louvando o BOM DESENHO.
Na Pizzaria Cristal, em São Paulo, Anisio expõe suas aquarelas, retratando carrocerias fantásticas dos anos trinta, como por exemplo o Talbot Lago de Figoni Falaschi de 1938, no estilo “Teardrop”

é isso, por fernando stickel [ 9:10 ]

motoring arts


Anisio Campos e 20 artistas participantes convidam para a exposição

MOTORING ARTS

10 a 19 Outubro 2006 12:00 às 22:00h
Espaço CasaBola Eduardo Longo
R. Amauri 352 São Paulo

ANTONIO PETICOV • CACIPORÉ TORRES • CLAUDIO TOZZI • CLEBER MACHADO • FERNANDO STICKEL • GILBERTO SALVADOR • GUILHERME DE FARIA • GUSTAVO ROSA • GUTO LACAZ • IVALD GRANATO • JEJO CORNELSEN • JOSÉ RESENDE • JOSÉ ROBERTO AGUILAR • MARCELO CIPIS • MARCELO NITSCHE • MARCELO SERPA • NEWTON MESQUITA • RAMANEFER • RUBENS GERCHMAN • TOMOSHIGUE KUSUNO

Com patrocínio do Santander Banespa e apoio da Fundação Stickel, 20 artistas brasileiros radicados em São Paulo e o designer Anisio Campos homenageiam nesta exposição os 40 anos do recorde do Carcará.
O bólido recordista brasileiro marcou a velocidade de 212,903 Km/h, pilotado por Norman Casari, na BR 101 em Jacarepaguá RJ, em 1966.
Seu recorde ainda não foi superado na classe motor 1 litro.
Estará exposta a recriação do Carcará original, com motor DKW-Vemag três cilindros, dois tempos e 1 litro, feito à mão pelo artesão Toni Bianco.
O Carcará II é a única peça recriada no acervo da Associação Cultural do Museu do Automobilismo Brasileiro, presidido por Paulo Trevisan em Passo Fundo, RS.
O Motoring Arts dispõe de Edição Limitada de 40 miniaturas do Carcará, em escala 1:43. As peças fabricadas pela Casa Automodelli são numeradas e autenticadas.

Patrocínio: Santander Banespa – Inovando para você crescer

Apoio: Fundação Stickel

é isso, por fernando stickel [ 10:58 ]

carcará


Anisio Campos em frente à CasaBola do Eduardo Longo na Rua Amauri 352.
Neste local estará exposto, com apoio da Fundação Stickel, a partir de terça-feira 10 Outubro, a recriação do seu projeto de 1966, o Carcará.

é isso, por fernando stickel [ 10:52 ]

andar da carruagem

O andar da carruagem…
Meu amigo Abbondio me envia esta foto, possivelmente de 1986 ou 87, tirada na casa de outro amigo, o designer Luciano Devia.
Com exceção do casal Luciano e Maga, todos os outros estão com novos parceiros.
Da esquerda para a direita, fila de cima: Eu, Ana Kawall, Magali Devia, Abbondio Barana, Anisio Campos, Nanci Valadares.
Fila de baixo: Alexandre Machado, Raquel, Renata Mellão, Luciano Devia, Eduardo Longo. A foto foi tirada provavelmente pela Iris Di Ciommo. A Raquel é a filha do Anisio e da Nanci.

é isso, por fernando stickel [ 17:25 ]

concentração de arquitetos


Ontem numa festa onde havia a maior concentração de arquitetos por metro quadrado jamais vista, e até o fotógrafo era da ASBEA, encontrei meu amigo Eduardo Longo. Comentei com ele que mostro sempre para meus alunos um pedaço da construção da primeira Casa-Bola na Rua Amauri, que eu mesmo serrei quando o ajudei, por alguns dias, a construir a Casa Bola, lá nos idos de 1974. Ele adorou a história e pediu para que eu contasse aqui. Voilá.

é isso, por fernando stickel [ 14:59 ]