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parque cidade jardim


O mercado imobiliário paulistano vem perdendo o juízo, primeiro quando alguém decretou muitos anos atrás, acho que foi o Adolpho Lindenberg, que o estilo “neo-clássico é chique”, e as elites endinheiradas, totalmente despreparadas e incultas compraram (e vem comprando cada vez mais!) esta balela pelo (caríssimo) valor de face.
O preço alto não é apenas em reais por metro quadrado, e sim pelo total abandono da qualidade e da história da nossa arquitetura moderna e contemporânea.
Com o surgimento de projetos como esse “Parque Cidade Jardim”, que pode até estar legalmente dentro dos códigos e posturas municipais, o que eu duvido, mas sem dúvida beneficiado pela complascência e inércia do poder público, leia-se, a Prefeitura, pois pelo impacto que uma porcaria destas vai gerar na cidade, não poderia, em nome do bom-senso, ser autorizado assim sem mais nem menos.
Este mastodonte em estilo “neo-qualquer-coisa-de-merda” vai levar a deshumanização da cidade a níveis nunca vistos.
É de uma feiúra enorme, desproporcional, mal ajambrado, colossal além de qualquer limite.
Tive a curiosidade de visitar o stand de vendas, e descobri que a única coisa interessante por ali é a curiosíssima torre azul-vermelho-amarela vizinha do empreendimento.
A vista é sobre uma moderníssima estação de força da Eletropaulo e o Rio Pinheiros, no canto esquerdo da foto vê-se a “concorrente” Daslu.
Só a maquete do empreendimento, obra de Adhemir Fogassa ocupa o espaço de um bom apartamento.
Enquanto examinava o stand de vendas, evitando ser agarrado por algum corretor, Luciana Gimenez e namorado circulavam por ali…
Justiça seja feita, o café que tomei foi muito bom, servido elegantemente!
A torre azul vermelho e amarela, destaque hoje no bairro do Morumbi, será eclipsada pelo monstro que cresce.

é isso, por fernando stickel [ 17:36 ]

9 comentários

Paulo

junho 11th, 2006 at 21:04

Esse mastrodonte já havia me chamado atenção quando os primeiros anúncios foram publicados. Fico imaginando que daqui 10 anos haverá uma geração de crianças que eventualmente jamais tenha saído desse lugar. É a conseqüencia dos novos tempos, uma cadeia moderna e de luxo. Nasci e vivo em São Paulo há 40 anos, infelizmente listando motivos e mais motivos parame mandar. É vergonhoso viver num lugar que proporciona tal empreendimento. Sei que sou minoria, mas fico feliz de não ser o único a pensar assim.

edson mahfuz

junho 12th, 2006 at 10:10

fernando,

obrigado pela visita. quando vi o monstro na folha, fiquei chocado e sem ação. a que níveis chega a estupidez humana! é incrível que proponham coisas como essa e que haja compradores. quase me envergonho de pertencer a uma profissão cujos integrantes fazem coisas como essa.

cheguei a pensar em dizer algo sobre o monstrengo, mas como já havia falado sobre o “neo-clássico” no meu blog, deixei para mais tarde. os exemplos locais são menores mas não menos ridículos.

abraço.

valter ferraz

junho 13th, 2006 at 10:23

Fernando, fora o estrago que estão fazendo junto à comunidade. Existe uma favela na parte dos fundos do empreendimento numa área invadida. Aprefeitura juntamente com os incorporadores estão pressionando a saída. Como nesses casos sempre sobra para o lado mais fraco, já viu né? Não defendo a favelização mas sim uma política social que proporcione condições dignas de vida para todos. Gráças à Deus daqui a uma semana volto a morar em Mongaguá. Gosto muito desta cidade aqui, mas francamente não dá. Viver em bunker? Não, não é prá mim.

Um abraço

fernando cals

junho 13th, 2006 at 20:13

Oi, Xara,

sem entrar no merito social do empreendimento, que deixo para os especialistas, atenho-me apenas aos aspectos arquiteonico e urbanistico que sao lamentaveis, da pior qualidade que se possa imaginar. Masi uma podridao do Abominavel Julio das Neves. E que vai ser consumida por essa especie tipicamente paulista dos novos ricos e piruas abonadas.

Om coco confeitado, a mais, para prejudicar a nossa querida Sao Paulo.

Abracos

fernando cals

aqui tem coisa » Arquivo » shopping cidade jardim

julho 3rd, 2008 at 12:59

[…] escrevi sobre este monstro arquitetônico, que agora está quase […]

aqui tem coisa » Arquivo » monstros na cidade

outubro 29th, 2009 at 17:16

[…] da cidade. Entre as obras que NUNCA deveriam ter saído do papel estão o Minhocão, o “Parque Cidade Jardim” e o Instituto Tomie Ohtake. Eu acrescento dois monstros, a agência do Banespa, hoje […]

Lucas

outubro 19th, 2013 at 2:23

Ainda sou jovem e talvez por isso não saiba notar o que há de errado com este belissimo empreendimento. Alguem pode me explicar pois se eu tivesse condições não teria exitado em ser o comprador da primeira unidade colocada à venda.

fernando stickel

outubro 19th, 2013 at 9:14

Lukas, não há como responder ao teu comentário sem colocar em perspectiva a história da arquitetura e do urbanismo. Em uma cidade como São Paulo, onde todos os valores urbanísticos estão subvertidos, qualquer adição de monta, como é o caso deste empreendimento, deveria necessáriamente sofrer um crivo maior do poder público. Trata-se em última análise de uma discussão entre a legalidade e a ética e a moral.
Quanto à qualidade estética do mastodonte, tenho que concordar que gosto não se discute. A história e os séculos serão o único filtro possível.

Luca Sala

maio 23rd, 2017 at 11:17

Olá!

Finalmente alguém com algum juízo e que partilha s mesma opiniões acerca de São Paulo!

Como é possível disvirtuarem a cidade desta forma com projecto megalomanos e de muito mau gosto!

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