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coisas, coisas, coisas...
...desde janeiro de 2003


Auto Posto Interlaken, na Av. Interlagos

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 6

Quis o destino que em 1995 eu fosse sócio e gerente de um posto de gasolina, quando uma amiga me pediu para criar uma “caderneta” das despesas de gasolina do Fusca do Sr. Wilson, que gerenciava a “Creche O Semeador” no Jardim Roschel em Parelheiros, Zona Sul de São Paulo.

Depois de um tempo eu assumi as despesas da “caderneta” do meu próprio bolso. Estreei assim na filantropia cerca de 30 anos atrás, fazendo uma doação simples e sem muita consciência de estar dando meus primeiros passos no Terceiro Setor.


Wilson, Fátima e eu na creche O Semeador

Em 2001, minha namorada Sandra tinha uma equipe de obra, que por vezes ficava ociosa. Nestes momentos enviávamos, alguns rapazes à Creche, que ficava em área rural com muitas cobras, para fazer um mutirão de limpeza do terreno, roçar mato, recolher lixo, etc… até uma horta criamos. Um dos rapazes desta equipe, o Marco, hoje com 44 anos, continua a trabalhar conosco. E assim Sandra também estreava no Terceiro Setor.

No início de 2004 assisti a uma palestra e comecei a conversar com uma senhora sentada ao meu lado, seguiu-se um diálogo mais ou menos assim:
– Vocês têm uma Fundação?
– Sim, mas está paralisada.
– Prestem atenção que vocês poderão perdê-la.
– Por que?
– O Código Civil mudou, agora a Curadoria das Fundações pode intervir em fundações paralisadas, como a de vocês, destituir diretoria e o conselho e destinar o patrimônio para outra fundação.

Levei o assunto para um almoço de família e perguntei o que desejavam fazer. Meu pai, com 84 anos e doente opinou que não participaria mais, minha mãe o acompanhou, e assim fizeram meus três irmãos, ninguém tinha interesse na Fundação.

Neste momento, eu, tomado de coragem, clareza, loucura ou sei lá o que, levantei a mão e exclamei:
– Eu cuidarei da Fundação! Mas quero que ela trabalhe também com arte e cultura.
Meus pais concordaram, e assim iniciou-se o renascimento da Fundação Stickel. Um novo estatuto foi redigido, e algumas semanas antes de falecer em 25 dezembro 2004, meu pai o assinou o novo estatuto. Em 31 dezembro 2004 a Fundação completou 50 anos de idade.


Marco Antonio, Agnes e Fátima na horta da creche O Semeador


Família Stickel em julho 2004

é isso, por fernando stickel [ 13:52 ]


Faleceu o Carlão (Carlos Martins Ribeiro) nosso amigo e padrinho de casamento, aos 84 anos. A foto dele é no almoço de comemoração do nosso casamento em 12/11/2016. Carlão se orgulhava de nunca ter ido ao médico, tinha pressão alta, seu coração falhou… R.I.P

é isso, por fernando stickel [ 16:22 ]

Faleceu Tonico Senra aos 75 anos de idade, meu amigo da Sociedade Hípica Paulista. Sempre bem humorado, falante, trajando calças com os vincos impecavelmente alinhados, Tonico era uma figura que deixará saudades. R.I.P.

é isso, por fernando stickel [ 8:47 ]


Ao meu lado a Vera Domschke, viuva do Mario

Na Sociedade Hípica Paulista realizou-se o 24º Biathlon, homenageando meu recém falecido amigo Mario Sacconi.


O grupo que fez a caminhada

é isso, por fernando stickel [ 7:24 ]


A casa 1 da vila, do lado esquerdo

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 5

Em 1991, por insistência da minha família, preocupada com as consequências do Plano Collor, principalmente a queda dos aluguéis, fui trabalhar com meu pai, uma aventura arriscada, mas necessária, o meu novo local de trabalho era uma aprazível casinha de vila, que unia o escritório do meu pai Erico e os arquivos da Fundação, que continuava inativa.

Nas primeiras semanas de trabalho me dediquei a conhecer a gestão do patrimônio familiar, quando um belo dia abro uma gaveta do escritório e encontro uma pilha de cautelas, documentos em papel tamanho A3, algumas muito sofisticadas graficamente. Pergunto ao meu pai o que eram, e ele me diz que eram os investimentos da Fundação. Ensina o dicionário: “Cautela é um título fornecido por sociedades anônimas a seus acionistas, e no qual se mencionam as ações subscritas pelos últimos.”


Uma cautela

Comentei que haviam maneiras mais eficientes de gerir uma carteira de investimentos, e que seria uma boa ideia submetê-las a uma gestão profissional. Meu pai tinha um relacionamento antigo com o Banco Itaú, levamos as cautelas ao Itaú Private, recém-criado, e assim surgiu assim o Fundo Patrimonial da Fundação.
Tomei também conhecimento dos imóveis da Fundação, entre eles uma casa na R. Henrique Martins, alugada para o restaurante Roanne, do “chef” Claude Troigros.


Conhecendo os problemas

Algum tempo depois, em 1997, meu pai decidiu, aos 77 anos de idade, renunciar ao cargo de Presidente do Conselho, e me indicou para substituí-lo. Eu já conhecia a necessidade de escriturar o livro de atas com as reuniões do Conselho de Curadores, mas encarei o convite como uma oportunidade de simplificar e introduzir eficiência. Como condição para assumir o novo posto solicitei que os cerca de 40 conselheiros fossem todos dispensados, e que o novo Conselho fosse composto apenas pela nossa família. Assim foi feito, não sem dificuldades burocráticas, porque vários conselheiros eram falecidos…

A segunda condição foi a redução do nome para Fundação Stickel, o que também foi feito. E assim, aos 49 anos de idade assumi a Presidência da Fundação Stickel, com um Conselho Curador composto de 6 membros, meus pais, eu e meus irmãos. Um novo estatuto foi redigido, incorporando estas mudanças.

é isso, por fernando stickel [ 12:07 ]

Meu tio-avô Fernando Arens Jr., irmão da minha avó Maria Elisa Arens Diederichsen (Lili)

Nasceu em Campinas em 18/4/1880 e faleceu em São Paulo em 5/8/1942. Era filho de Frederico Guilherme Fernando Arens e Filisbina Augusta Garcia Arens. Casou-se com Lavínia de Oliveira Caldas e teve os filhos Aracy Arens; Odila Arens Caldas(Memé); Renato Antonio Arens e Marina Arens Caldas.

Em 1915, Fernando Arens Jr, junto com Dimitri Sansaud de Lavaud, patenteou, no Escritório Americano de Marcas e Patentes (USPTO), uma máquina para moldagem de tubos metálicos por força centrífuga, patente número 1.199.353, aprovada em 26 de setembro de 1916. O princípio empregado é conhecido como “Processo De Lavaud” e é utilizado até hoje.

é isso, por fernando stickel [ 17:36 ]

Screenshot

Faleceu Frank Stella, grande referência de artista/pintor no início da minha carreira nos anos 70. RIP

é isso, por fernando stickel [ 17:35 ]


Foto: Bebeto Matthews/AP

Faleceu o escritor americano Paul Auster aos 77 anos. Adorava os livros dele! RIP

é isso, por fernando stickel [ 17:09 ]


O livro de atas da Fundação Stickel

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 4

Nas décadas de 50 e 60 a Fundação Beneficente Martha e Erico Stickel provia serviços de assistência social e de saúde em Campos do Jordão. A única fonte de informação desta época que sobreviveu foi o livro de atas das reuniões do Conselho Curador, manuscrito pelo meu pai.

Indicações das atividades nesta época residem apenas nas memórias… lembro de ouvir meu pai dizer assim: – Vou alugar a casa do Guarujá para fulano, ele vai pagar o aluguel para a Fundação, ou ainda: – Jamais trabalhe no Estado! Funcionário público só atrapalha!

Lembro ainda de meu pai relatar em meados da década de 70, com muito desgosto, que estava reduzindo as atividades da Fundação, pois os agentes públicos não o deixavam em paz. Eram fiscalizações, autuações por descumprimento de normas, reclamações, multas, gerando nele profunda frustração. Ele dizia: – Vocês (o governo) estão achando que faço tudo errado? Então vou me retirar.

De fato, o estado regulava tudo, inclusive os serviços sociais. A Legião Brasileira de Assistência LBA criada em 1942, tinha um propósito limitado de fornecer assistência às famílias dos militares brasileiros lutavam no exterior. Foram criados o Instituto Nacional de Previdência Social INPS, instituição previdenciária brasileira em 1966, o Programa Nacional de Alimentação e Nutrição materno-infantil em 1972, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) em 1974, culminando com o Ministério da Previdência e Assistência Social em 1977.

Os efeitos danosos da excessiva regulamentação e burocracia que infelizmente tão bem conhecemos no Brasil, se fizeram sentir fortemente no ser pragmático que era o meu pai.
As atividades foram diminuindo, uma breve incursão por Ilhabela SP se encerrou e por volta de 1980 as atividades fundacionais cessaram por completo, a casa sede em Abernéssia foi cedida para a Prefeitura de Campos do Jordão em comodato gratuito de 20 anos, para a instalação de uma biblioteca infantil.

Apenas o livro de atas continuava em ação, exigindo agora as assinaturas de dezenas de membros do Conselho, um pesadelo logístico! A burocracia do Terceiro Setor era assim servida, e a Fundação continuava legalmente viva, sob os cuidados de um contador.


Legião Brasileira de Assistência – LBA


Familia Stickel nos anos 50

é isso, por fernando stickel [ 16:30 ]


Danilo Blanco, eu, minha mãe Martha e Sandra Pierzchalski

Abertura da exposição de Danilo Blanco, CADEIRAS, JANELAS E RAIOS DE SOL com curadoria de Rubens Fernandes Júnior, no Espaço Fundação Stickel.


Em primeiro plano o curador Rubens e sua esposa Paula.


Igor Damianof, Lucas Cruz e Marco Antonio Ribeiro

O conjunto de cadeiras expostas surgiu de uma ideia de Danilo ao observar artesãos que circulam pelas ruas e praças do centro de São Paulo. Com o objetivo de valorizar o trabalho desses artistas anônimos, ele encomendou a construção das peças, a partir de um simples briefing: “faça uma cadeira” mostrando com a mão o tamanho de cerca de 10 cm, “que tenha quatro pernas, assento e encosto”.
Individualmente, cada uma das peças se apresenta de maneira distinta, mostrando o potencial criativo despertado pelo pedido do artista, que não interferiu no processo e nem limitou os artesãos. As cadeirinhas foram construídas com formas, traços e materiais diferentes, transformando este simples objeto do cotidiano em arte.
Assim, Danilo idealizou mais uma ação colaborativa, como já fez em outras parcerias com a Fundação Stickel na construção dos murais públicos oriundos das nossas oficinas de marchetaria, instalados nos terminais Palmeiras – Barra Funda e Vila Nova Cachoeirinha. A marchetaria, por sinal, é a principal linguagem do artista e ele traz, paralelamente e de forma complementar às cadeiras, novos trabalhos com seus desenhos geométricos e abstratos, além das peças de um dominó gigante.

é isso, por fernando stickel [ 17:20 ]


Martha e Erico Stickel em Campos do Jordão

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 3

Em 1944 Erico João Siriuba Stickel (1920-2004), meu pai, servia o Exército na Cavalaria do CPOR em São Paulo, e lá era instrutor do meu tio Ernestinho, ficaram amigos e Ernestinho convidou Erico para passar um fim de semana em Campos do Jordão, na casa da família recém inaugurada em 1941. Lá conheceu a irmã de Ernestinho, Martha, que relata ter se apaixonado imediatamente ao conhecer Erico.

Erico e Martha namoraram, noivaram e o casamento ocorreu em 6 janeiro 1947 na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo na R. Helvetia, Campos Eliseos, com recepção na casa dos pais da noiva na R. dos Franceses, Bela Vista. A noiva passou a usar o nome do marido, Martha Diederichsen Stickel, minha mãe.

Ernesto Diederichsen, meu avô, industrial e empresário estava à frente de seu tempo, tinha sua atenção voltada para o bem estar dos seus empregados, criando muito antes que as leis o obrigassem, creche, ambulatório, gabinete médico, escola primária, cinema e biblioteca em suas empresas, que incluíam indústrias têxteis, comércio de café, adubos e forragens, óleos vegetais, hotel e outras atividades.

Ernesto internou-se aos 71 anos de idade no Hospital Santa Catarina em São Paulo para uma cirurgia de próstata. A operação correu bem, ele se recuperava sentado, lendo o jornal no quarto do hospital quando sofreu uma embolia pulmonar, falecendo no dia 20 outubro 1949.

Com a ausência de Ernesto na direção do Grêmio Bernardo Diederichsen, meus pais decidiram assumir o trabalho social, e assim as atividades seguiram por dois anos, quando meu pai resolveu em 1951 transformar o Grêmio na Associação Beneficente Martha e Erico Stickel. Os trabalhos evoluiram, quando em 31/12/1954 a Associação foi transformada na Fundação Beneficente Martha e Erico Stickel.

Erico e Martha doaram bens para a criação do Fundo Patrimonial da Fundação, destinado a sustentar suas atividades. Um dos imóveis do Fundo Patrimonial se transformou na sede da Fundação, era uma casa na esquina da R. Brigadeiro Jordão com a R. Dr. Reid, em Abernéssia. A casa foi equipada para atendimentos à população carente, com serviços de puericultura, gabinete dentário, médico, raio-x, serviço social e ambulância.


Martha em frente à casa da família


A casa da família Diederichsen em Campos do Jordão


Sede da Fundação Stickel em Abernéssia

é isso, por fernando stickel [ 8:28 ]


Abernéssia nos anos 40

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 2

Maria Elisa (Lili) Arens Diederichsen (1883-1973) e Ernesto Diederichsen (1878-1949), meus avós, proprietários de terrenos em Campos do Jordão, planejam a construção da casa de veraneio da família. Havia no terreno um lago, acima dele foi o local escolhido para a construção da casa. Um trator Case vermelho foi adquirido, equipes contratadas e o movimento de terra se iniciou, abrindo-se as estradas de acesso e o platô onde se ergueu a casa.

Por força das obras, Lili e Ernesto frequentavam mais a cidade e estreitaram a convivência com a comunidade local, tomando contato com a dramática situação da saúde e pobreza no município. Famílias paupérrimas afluíam à cidade para tratamento de tuberculose, internando-se nos inúmeros sanatórios da região, prevalecia ainda a terapêutica baseada no tratamento higieno-dietético, que acreditava na cura do doente submetido a condições favoráveis, como boa alimentação, repouso e o clima das montanhas, com exposição ao sol.

As famílias dos internados, sem recursos e sem opção, acabavam por se abrigar em pensões ou favelas. Esse cenário de extrema carência sensibilizou meus avós, que começaram a suprir as necessidades mais urgentes, principalmente das crianças, distribuindo mantimentos, cobertores, remédios e agasalhos em geral. Esta iniciativa se consolidou em 1946 na criação do Grêmio Bernardo Diederichsen, sob direção do Reverendo Oswaldo Alves e com a colaboração do meu tio Luiz Dumont Villares (1899-1979), que havia se tornado sócio do meu avô na construção do Hotel Toriba, inaugurado em 1943.

O nome do Grêmio, homenageava o filho primogênito Bernardo Frederico Diederichsen (1904-1928), falecido precocemente aos 24 anos de idade, vítima de choque elétrico. Recém formado engenheiro eletrotécnico na prestigiosa escola EHT Zürich na Suíça, ele estava em seu primeiro emprego no Banco do Brasil em São Paulo. Vestia um guarda-pó branco e trabalhava em um rádio, com uma chave de fenda no bolso do guarda-pó, inclinou-se sobre o rádio e a chave de fenda encostou em uma fonte de alta voltagem, fulminando-o instantaneamente.
Em seu bolso da calça carregava seu primeiro salário.
Minha mãe Martha tinha apenas um ano de idade, e lembra de conviver toda sua infância com sua mãe Lili vestida de preto, em luto fechado.


Bernardo Frederico Diederichsen


Diploma de engenheiro elétrico

é isso, por fernando stickel [ 8:31 ]

Esta grande pintura minha, Sem Título, acrílica sobre tela, 1,05 x 3,22m, expus na Galeria Paulo Figueiredo em Novembro 1990, e lá foi comprada pela Virginia Borelli.

Descobri na Internet que ela está em uma loja em Campinas.

Acho interessantíssimas estas descobertas fortuitas do destino dos meus trabalhos!

A pintura não está exposta da melhor maneira, é verdade, mas sobreviveu e dá caráter à loja. Valeu!

é isso, por fernando stickel [ 12:14 ]


Meu avô Ernesto Diederichsen e o capitão do Cap Arcona em Santos, 1929

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 1

Em 2024, a Fundação Stickel completa 70 anos de idade! É a quinta mais longeva fundação do Brasil. Mas a história da instituição criada pelos meus pais é ainda mais antiga. E é isso que vou começar a contar para vocês, aqui no LinkedIn.

O Cap Arcona foi um navio de passageiros e cargueiro operado pela Hamburg-Südamerikanische Dampfschifffahrts-Gesellschaft (HSDG). Ele foi encomendado e construído pelo estaleiro Blohm & Voss em Hamburgo, Alemanha, durante a década de 1920, e lançado ao mar em 1927. Seu nome é uma homenagem à península de Arcona, localizada na ilha de Rügen no Mar Báltico.

Em 1934, meus avós Lili e Ernesto Diederichsen embarcaram para a Europa com minha mãe Martha, então com sete anos de idade, e seu irmão Ernesto, com 13 anos, no “vapor” Cap Arcona. 

Curiosidade: em 3 de maio de 1945, nos estágios finais da Segunda Guerra, o Cap Arcona estava ancorado na Baía de Lübeck, no Mar Báltico, juntamente com outros navios alemães e prisioneiros de campos de concentração, evacuados devido ao avanço das tropas aliadas. Aviões britânicos da Royal Air Force (RAF) lançaram ataques aéreos contra os navios ancorados na baía, acreditando erroneamente que estavam atacando navios de guerra alemães. Como resultado desses ataques, o Cap Arcona foi atingido e afundou, com enorme perda de vidas – uma das tragédias menos conhecidas e mais trágicas entre os últimos momentos da Guerra.

Voltando dessa viagem, em 1936 meus avós conheceram a cidade de Campos do Jordão na Serra da Mantiqueira, o mais alto município brasileiro. A viagem de carro a Campos chegava a durar oito horas, enfrentando lama e buracos… A família se hospedava na “Associação Umuarama de Campos do Jordão” e minha mãe se lembra, até hoje, dos mergulhos no lago gelado.

Encantados com a “Suíça Brasileira”, meus avós compraram grandes glebas de terra na cidade, lançando o trabalho social que viria a se transformar na Fundação Stickel. 

No próximo artigo, vou falar sobre o Grêmio Bernardo Diederichsen, a semente que nos trouxe até aqui.


O Cap Arcona


Lili e Ernesto Diederichsen na casa de Campos do Jordão

é isso, por fernando stickel [ 10:09 ]


Meu neto Ian.

Meu filho Antonio foi à Índia para um retiro espiritual, parte de um processo que já vem ocorrendo há alguns anos de mudar de profissão, se tornar um “healer”, um terapeuta conectado com a espiritualidade.
Eu e a Iris, mãe dele ficamos um pouco preocupados, a estadia seria de dois meses, mas ele estava determinado e finalmente a viagem ocorreu, chegando ao “ashram” na cidade de Rishikesh no norte da Índia às margens do Ganges, quase no Tibet. Antonio enviou algumas poucas notícias, o tempo passou e nós nos despreocupamos.
Se aproximando a data de seu retorno eu soube através da Iris que meu neto Ian de oito anos havia caído de uma árvore na escola, no Vale do Capão, BA, quebrando o antebraço esquerdo! Para meu alivio a Iris completou o relato dizendo que a mãe Rubia havia deixado o irmão menor Noah com uma amiga e partiu de carro para a cidade de Seabra a cerca de 50 km de distância, onde o Ian foi atendido no hospital e passou por uma cirurgia para colocar um pino no antebraço. Fiquei mais calmo, mas imediatamente me lembrei de um acidente com o Antonio ocorrido 38 anos atrás…

A história aparentemente havia se repetido, vejam:

No verão europeu de 1986 eu estava num trem rumo à Bienal de Veneza, quando no meio do caminho parei em Genova e liguei para a minha mãe Martha do orelhão, só para dar um alô rotineiro. Ela atendeu o telefone já suspirando, e o diálogo foi mais ou menos assim:
-Oi Mãe, tudo bem??
-Ah… Fernando…….
-Que foi? Aconteceu alguma coisa??!!
-Ah…. Fernando…. o Antonio………
-Fala Mãe!!!! Fala logo!!! O que aconteceu?!!!!!!!
-Ele levou um tiro.
-Aonde???
-Na mão.
-Que mão??
-Direita.
-Como? Ele está bem??!!
-Foi um assalto, mas agora já está tudo bem.
-Tô voltando.
Depois de três dias, passando por Milão e New York, cheguei ao aeroporto em São Paulo e fui recepcionado pelo Antonio com 7 anos de idade, muito lépido e com o gesso no braço direito já assinado pelos amigos.
O que havia ocorrido? O Antonio estava no banco de trás do Volkswagen Variant da mãe, voltando da escola com o motorista quando um assalto ao posto de gasolina da esquina da R. João Cachoeira x R. Dr. Alceu de Campos Rodrigues, no Itaim ocorreu justamente quando eles passavam por lá, uma bala perdida entrou pelo vidro traseiro do carro e atingiu o antebraço direito do menino, fraturando o osso.
Por sorte o motorista teve presença de espírito, e assim que percebeu o que havia ocorrido, virou a esquina e entrou no Hospital São Luís, ali do lado, e o Antonio foi prontamente atendido, sem maiores consequências.

Ao receber a notícia da queda do Ian e da cirurgia no braço, o Antonio, agora com 44 anos de idade e a 14.000 km de distância, resolveu abreviar sua estadia na Índia e voltou ao Brasil, iniciando a viagem de volta percorrendo 250 km de taxi para Delhi, depois duas horas no avião até Mumbai, depois 9 horas até Paris, mais 12 horas até São Paulo onde chegou exausto, dormiu e embarcou para Salvador no dia seguinte, tomando finalmente um ônibus para Palmeiras, onde chegou 8 horas depois, reencontrando o Ian já com gesso no braço esquerdo e voltando para casa no Vale do Capão, na linda Chapada Diamantina.


Meu filho Antonio.

é isso, por fernando stickel [ 15:25 ]


Faleceu minha querida amiga Magy Imoberdorf. Faça uma linda viagem Magy, uma pena que não conseguimos nos encontrar em anos recentes.
Veja aqui detalhes da nossa amizade

é isso, por fernando stickel [ 14:01 ]


Nestes 20 anos em que estou à frente da Fundação Stickel, nosso escritório esteve em dois endereços diferentes e nossa identidade visual está na terceira versão, acompanhando o desenvolvimento institucional.

é isso, por fernando stickel [ 9:23 ]

A HISTÓRIA DA HÉLICE

Meu primo Paulo Villares tinha no porão da casa dos meus tios Luiz e Leonor na rua Áustria uma oficina completa com torno, furadeira, bancada, inúmeros armários e gavetas abarrotados de fios, transistores, peças diversas, coisas interessantíssimas! Estou falando de uma época em que eu tinha 12 ou 13 anos de idade e ele estava com cerca de 21 anos.

Na oficina haviam ainda rádios, aeromodelos, peças de avião, motores de aeromodelos, hélices, etc… Sempre que minha família ia até a casa dos meus tios para uma festa, um almoço, eu dava um jeito de ir lá na oficina dar uma sapeada. O acesso era complicado, mas depois de observar o Paulo entrar aprendi o segredo…

Certo dia eu estava lá fuçando na oficina e encontrei uma hélice de avião, de madeira, com uma das pontas quebradas e me encantei com ela!
A hélice havia chegado às mãos do Paulo porque ele era aficcionado por aviação, tinha brevê, pilotava planador, meu tio Luiz tinha um avião, ou seja, ele estava por dentro do assunto aviação, assim, quando um casal de chilenos que fazia a volta ao mundo em um pequeno avião sofreu um acidente ao pousar e São Paulo e a hélice quebrou, o Paulo estava por ali e acabou recebendo a hélice de presente, havia até uma dedicatória escrita a caneta na própria hélice

Um belo dia, não me lembro em quais circunstancias, o Paulo me presenteou com a hélice, e eu fiquei em êxtase com aquele objeto maravilhoso!

Desde então a hélice me acompanhou por todos os locais onde morei, até de uma exposição de arte ela participou! Até que chegou a hora de nos separarmos, quando dei a hélice de presente para o casal de amigos Vera Domschke e Mario Sacconi, que estavam construindo uma casa na praia. A casa ficou pronta, linda, a conhecemos neste fim de semana, a nova morada da hélice!

é isso, por fernando stickel [ 8:38 ]