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coisas, coisas, coisas...
...desde janeiro de 2003


O livro de atas da Fundação Stickel

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 4

Nas décadas de 50 e 60 a Fundação Beneficente Martha e Erico Stickel provia serviços de assistência social e de saúde em Campos do Jordão. A única fonte de informação desta época que sobreviveu foi o livro de atas das reuniões do Conselho Curador, manuscrito pelo meu pai.

Indicações das atividades nesta época residem apenas nas memórias… lembro de ouvir meu pai dizer assim: – Vou alugar a casa do Guarujá para fulano, ele vai pagar o aluguel para a Fundação, ou ainda: – Jamais trabalhe no Estado! Funcionário público só atrapalha!

Lembro ainda de meu pai relatar em meados da década de 70, com muito desgosto, que estava reduzindo as atividades da Fundação, pois os agentes públicos não o deixavam em paz. Eram fiscalizações, autuações por descumprimento de normas, reclamações, multas, gerando nele profunda frustração. Ele dizia: – Vocês (o governo) estão achando que faço tudo errado? Então vou me retirar.

De fato, o estado regulava tudo, inclusive os serviços sociais. A Legião Brasileira de Assistência LBA criada em 1942, tinha um propósito limitado de fornecer assistência às famílias dos militares brasileiros lutavam no exterior. Foram criados o Instituto Nacional de Previdência Social INPS, instituição previdenciária brasileira em 1966, o Programa Nacional de Alimentação e Nutrição materno-infantil em 1972, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) em 1974, culminando com o Ministério da Previdência e Assistência Social em 1977.

Os efeitos danosos da excessiva regulamentação e burocracia que infelizmente tão bem conhecemos no Brasil, se fizeram sentir fortemente no ser pragmático que era o meu pai.
As atividades foram diminuindo, uma breve incursão por Ilhabela SP se encerrou e por volta de 1980 as atividades fundacionais cessaram por completo, a casa sede em Abernéssia foi cedida para a Prefeitura de Campos do Jordão em comodato gratuito de 20 anos, para a instalação de uma biblioteca infantil.

Apenas o livro de atas continuava em ação, exigindo agora as assinaturas de dezenas de membros do Conselho, um pesadelo logístico! A burocracia do Terceiro Setor era assim servida, e a Fundação continuava legalmente viva, sob os cuidados de um contador.


Legião Brasileira de Assistência – LBA

é isso, por fernando stickel [ 16:30 ]


Danilo Blanco, eu, minha mãe Martha e Sandra Pierzchalski

Abertura da exposição de Danilo Blanco, CADEIRAS, JANELAS E RAIOS DE SOL com curadoria de Rubens Fernandes Júnior, no Espaço Fundação Stickel.


Em primeiro plano o curador Rubens e sua esposa Paula.


Igor Damianof, Lucas Cruz e Marco Antonio Ribeiro

O conjunto de cadeiras expostas surgiu de uma ideia de Danilo ao observar artesãos que circulam pelas ruas e praças do centro de São Paulo. Com o objetivo de valorizar o trabalho desses artistas anônimos, ele encomendou a construção das peças, a partir de um simples briefing: “faça uma cadeira” mostrando com a mão o tamanho de cerca de 10 cm, “que tenha quatro pernas, assento e encosto”.
Individualmente, cada uma das peças se apresenta de maneira distinta, mostrando o potencial criativo despertado pelo pedido do artista, que não interferiu no processo e nem limitou os artesãos. As cadeirinhas foram construídas com formas, traços e materiais diferentes, transformando este simples objeto do cotidiano em arte.
Assim, Danilo idealizou mais uma ação colaborativa, como já fez em outras parcerias com a Fundação Stickel na construção dos murais públicos oriundos das nossas oficinas de marchetaria, instalados nos terminais Palmeiras – Barra Funda e Vila Nova Cachoeirinha. A marchetaria, por sinal, é a principal linguagem do artista e ele traz, paralelamente e de forma complementar às cadeiras, novos trabalhos com seus desenhos geométricos e abstratos, além das peças de um dominó gigante.

é isso, por fernando stickel [ 17:20 ]


Martha e Erico Stickel em Campos do Jordão

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 3

Em 1944 Erico João Siriuba Stickel (1920-2004), meu pai, servia o Exército na Cavalaria do CPOR em São Paulo, e lá era instrutor do meu tio Ernestinho, ficaram amigos e Ernestinho convidou Erico para passar um fim de semana em Campos do Jordão, na casa da família recém inaugurada em 1941. Lá conheceu a irmã de Ernestinho, Martha, que relata ter se apaixonado imediatamente ao conhecer Erico.

Erico e Martha namoraram, noivaram e o casamento ocorreu em 6 janeiro 1947 na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo na R. Helvetia, Campos Eliseos, com recepção na casa dos pais da noiva na R. dos Franceses, Bela Vista. A noiva passou a usar o nome do marido, Martha Diederichsen Stickel, minha mãe.

Ernesto Diederichsen, meu avô, industrial e empresário estava à frente de seu tempo, tinha sua atenção voltada para o bem estar dos seus empregados, criando muito antes que as leis o obrigassem, creche, ambulatório, gabinete médico, escola primária, cinema e biblioteca em suas empresas, que incluíam indústrias têxteis, comércio de café, adubos e forragens, óleos vegetais, hotel e outras atividades.

Ernesto internou-se aos 71 anos de idade no Hospital Santa Catarina em São Paulo para uma cirurgia de próstata. A operação correu bem, ele se recuperava sentado, lendo o jornal no quarto do hospital quando sofreu uma embolia pulmonar, falecendo no dia 20 outubro 1949.

Com a ausência de Ernesto na direção do Grêmio Bernardo Diederichsen, meus pais decidiram assumir o trabalho social, e assim as atividades seguiram por dois anos, quando meu pai resolveu em 1951 transformar o Grêmio na Associação Beneficente Martha e Erico Stickel. Os trabalhos evoluiram, quando em 31/12/1954 a Associação foi transformada na Fundação Beneficente Martha e Erico Stickel.

Erico e Martha doaram bens para a criação do Fundo Patrimonial da Fundação, destinado a sustentar suas atividades. Um dos imóveis do Fundo Patrimonial se transformou na sede da Fundação, era uma casa na esquina da R. Brigadeiro Jordão com a R. Dr. Reid, em Abernéssia. A casa foi equipada para atendimentos à população carente, com serviços de puericultura, gabinete dentário, médico, raio-x, serviço social e ambulância.


Martha em frente à casa da família


A casa da família Diederichsen em Campos do Jordão


Sede da Fundação Stickel em Abernéssia

é isso, por fernando stickel [ 8:28 ]


Abernéssia nos anos 40

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 2

Maria Elisa (Lili) Arens Diederichsen (1883-1973) e Ernesto Diederichsen (1878-1949), meus avós, proprietários de terrenos em Campos do Jordão, planejam a construção da casa de veraneio da família. Havia no terreno um lago, acima dele foi o local escolhido para a construção da casa. Um trator Case vermelho foi adquirido, equipes contratadas e o movimento de terra se iniciou, abrindo-se as estradas de acesso e o platô onde se ergueu a casa.

Por força das obras, Lili e Ernesto frequentavam mais a cidade e estreitaram a convivência com a comunidade local, tomando contato com a dramática situação da saúde e pobreza no município. Famílias paupérrimas afluíam à cidade para tratamento de tuberculose, internando-se nos inúmeros sanatórios da região, prevalecia ainda a terapêutica baseada no tratamento higieno-dietético, que acreditava na cura do doente submetido a condições favoráveis, como boa alimentação, repouso e o clima das montanhas, com exposição ao sol.

As famílias dos internados, sem recursos e sem opção, acabavam por se abrigar em pensões ou favelas. Esse cenário de extrema carência sensibilizou meus avós, que começaram a suprir as necessidades mais urgentes, principalmente das crianças, distribuindo mantimentos, cobertores, remédios e agasalhos em geral. Esta iniciativa se consolidou em 1946 na criação do Grêmio Bernardo Diederichsen, sob direção do Reverendo Oswaldo Alves e com a colaboração do meu tio Luiz Dumont Villares (1899-1979), que havia se tornado sócio do meu avô na construção do Hotel Toriba, inaugurado em 1943.

O nome do Grêmio, homenageava o filho primogênito Bernardo Frederico Diederichsen (1904-1928), falecido precocemente aos 24 anos de idade, vítima de choque elétrico. Recém formado engenheiro eletrotécnico na prestigiosa escola EHT Zürich na Suíça, ele estava em seu primeiro emprego no Banco do Brasil em São Paulo. Vestia um guarda-pó branco e trabalhava em um rádio, com uma chave de fenda no bolso do guarda-pó, inclinou-se sobre o rádio e a chave de fenda encostou em uma fonte de alta voltagem, fulminando-o instantaneamente.
Em seu bolso da calça carregava seu primeiro salário.
Minha mãe Martha tinha apenas um ano de idade, e lembra de conviver toda sua infância com sua mãe Lili vestida de preto, em luto fechado.


Bernardo Frederico Diederichsen


Diploma de engenheiro elétrico

é isso, por fernando stickel [ 8:31 ]

Esta grande pintura minha, Sem Título, acrílica sobre tela, 1,05 x 3,22m, expus na Galeria Paulo Figueiredo em Novembro 1990, e lá foi comprada pela Virginia Borelli.

Descobri na Internet que ela está em uma loja em Campinas.

Acho interessantíssimas estas descobertas fortuitas do destino dos meus trabalhos!

A pintura não está exposta da melhor maneira, é verdade, mas sobreviveu e dá caráter à loja. Valeu!

é isso, por fernando stickel [ 12:14 ]


Meu avô Ernesto Diederichsen e o capitão do Cap Arcona em Santos, 1929

A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO STICKEL – Parte 1

Em 2024, a Fundação Stickel completa 70 anos de idade! É a quinta mais longeva fundação do Brasil. Mas a história da instituição criada pelos meus pais é ainda mais antiga. E é isso que vou começar a contar para vocês, aqui no LinkedIn.

O Cap Arcona foi um navio de passageiros e cargueiro operado pela Hamburg-Südamerikanische Dampfschifffahrts-Gesellschaft (HSDG). Ele foi encomendado e construído pelo estaleiro Blohm & Voss em Hamburgo, Alemanha, durante a década de 1920, e lançado ao mar em 1927. Seu nome é uma homenagem à península de Arcona, localizada na ilha de Rügen no Mar Báltico.

Em 1934, meus avós Lili e Ernesto Diederichsen embarcaram para a Europa com minha mãe Martha, então com sete anos de idade, e seu irmão Ernesto, com 13 anos, no “vapor” Cap Arcona. 

Curiosidade: em 3 de maio de 1945, nos estágios finais da Segunda Guerra, o Cap Arcona estava ancorado na Baía de Lübeck, no Mar Báltico, juntamente com outros navios alemães e prisioneiros de campos de concentração, evacuados devido ao avanço das tropas aliadas. Aviões britânicos da Royal Air Force (RAF) lançaram ataques aéreos contra os navios ancorados na baía, acreditando erroneamente que estavam atacando navios de guerra alemães. Como resultado desses ataques, o Cap Arcona foi atingido e afundou, com enorme perda de vidas – uma das tragédias menos conhecidas e mais trágicas entre os últimos momentos da Guerra.

Voltando dessa viagem, em 1936 meus avós conheceram a cidade de Campos do Jordão na Serra da Mantiqueira, o mais alto município brasileiro. A viagem de carro a Campos chegava a durar oito horas, enfrentando lama e buracos… A família se hospedava na “Associação Umuarama de Campos do Jordão” e minha mãe se lembra, até hoje, dos mergulhos no lago gelado.

Encantados com a “Suíça Brasileira”, meus avós compraram grandes glebas de terra na cidade, lançando o trabalho social que viria a se transformar na Fundação Stickel. 

No próximo artigo, vou falar sobre o Grêmio Bernardo Diederichsen, a semente que nos trouxe até aqui.


O Cap Arcona


Lili e Ernesto Diederichsen na casa de Campos do Jordão

é isso, por fernando stickel [ 10:09 ]


Meu neto Ian.

Meu filho Antonio foi à Índia para um retiro espiritual, parte de um processo que já vem ocorrendo há alguns anos de mudar de profissão, se tornar um “healer”, um terapeuta conectado com a espiritualidade.
Eu e a Iris, mãe dele ficamos um pouco preocupados, a estadia seria de dois meses, mas ele estava determinado e finalmente a viagem ocorreu, chegando ao “ashram” na cidade de Rishikesh no norte da Índia às margens do Ganges, quase no Tibet. Antonio enviou algumas poucas notícias, o tempo passou e nós nos despreocupamos.
Se aproximando a data de seu retorno eu soube através da Iris que meu neto Ian de oito anos havia caído de uma árvore na escola, no Vale do Capão, BA, quebrando o antebraço esquerdo! Para meu alivio a Iris completou o relato dizendo que a mãe Rubia havia deixado o irmão menor Noah com uma amiga e partiu de carro para a cidade de Seabra a cerca de 50 km de distância, onde o Ian foi atendido no hospital e passou por uma cirurgia para colocar um pino no antebraço. Fiquei mais calmo, mas imediatamente me lembrei de um acidente com o Antonio ocorrido 38 anos atrás…

A história aparentemente havia se repetido, vejam:

No verão europeu de 1986 eu estava num trem rumo à Bienal de Veneza, quando no meio do caminho parei em Genova e liguei para a minha mãe Martha do orelhão, só para dar um alô rotineiro. Ela atendeu o telefone já suspirando, e o diálogo foi mais ou menos assim:
-Oi Mãe, tudo bem??
-Ah… Fernando…….
-Que foi? Aconteceu alguma coisa??!!
-Ah…. Fernando…. o Antonio………
-Fala Mãe!!!! Fala logo!!! O que aconteceu?!!!!!!!
-Ele levou um tiro.
-Aonde???
-Na mão.
-Que mão??
-Direita.
-Como? Ele está bem??!!
-Foi um assalto, mas agora já está tudo bem.
-Tô voltando.
Depois de três dias, passando por Milão e New York, cheguei ao aeroporto em São Paulo e fui recepcionado pelo Antonio com 7 anos de idade, muito lépido e com o gesso no braço direito já assinado pelos amigos.
O que havia ocorrido? O Antonio estava no banco de trás do Volkswagen Variant da mãe, voltando da escola com o motorista quando um assalto ao posto de gasolina da esquina da R. João Cachoeira x R. Dr. Alceu de Campos Rodrigues, no Itaim ocorreu justamente quando eles passavam por lá, uma bala perdida entrou pelo vidro traseiro do carro e atingiu o antebraço direito do menino, fraturando o osso.
Por sorte o motorista teve presença de espírito, e assim que percebeu o que havia ocorrido, virou a esquina e entrou no Hospital São Luís, ali do lado, e o Antonio foi prontamente atendido, sem maiores consequências.

Ao receber a notícia da queda do Ian e da cirurgia no braço, o Antonio, agora com 44 anos de idade e a 14.000 km de distância, resolveu abreviar sua estadia na Índia e voltou ao Brasil, iniciando a viagem de volta percorrendo 250 km de taxi para Delhi, depois duas horas no avião até Mumbai, depois 9 horas até Paris, mais 12 horas até São Paulo onde chegou exausto, dormiu e embarcou para Salvador no dia seguinte, tomando finalmente um ônibus para Palmeiras, onde chegou 8 horas depois, reencontrando o Ian já com gesso no braço esquerdo e voltando para casa no Vale do Capão, na linda Chapada Diamantina.


Meu filho Antonio.

é isso, por fernando stickel [ 15:25 ]


Faleceu minha querida amiga Magy Imoberdorf. Faça uma linda viagem Magy, uma pena que não conseguimos nos encontrar em anos recentes.
Veja aqui detalhes da nossa amizade

é isso, por fernando stickel [ 14:01 ]


Nestes 20 anos em que estou à frente da Fundação Stickel, nosso escritório esteve em dois endereços diferentes e nossa identidade visual está na terceira versão, acompanhando o desenvolvimento institucional.

é isso, por fernando stickel [ 9:23 ]

A HISTÓRIA DA HÉLICE

Meu primo Paulo Villares tinha no porão da casa dos meus tios Luiz e Leonor na rua Áustria uma oficina completa com torno, furadeira, bancada, inúmeros armários e gavetas abarrotados de fios, transistores, peças diversas, coisas interessantíssimas! Estou falando de uma época em que eu tinha 12 ou 13 anos de idade e ele estava com cerca de 21 anos.

Na oficina haviam ainda rádios, aeromodelos, peças de avião, motores de aeromodelos, hélices, etc… Sempre que minha família ia até a casa dos meus tios para uma festa, um almoço, eu dava um jeito de ir lá na oficina dar uma sapeada. O acesso era complicado, mas depois de observar o Paulo entrar aprendi o segredo…

Certo dia eu estava lá fuçando na oficina e encontrei uma hélice de avião, de madeira, com uma das pontas quebradas e me encantei com ela!
A hélice havia chegado às mãos do Paulo porque ele era aficcionado por aviação, tinha brevê, pilotava planador, meu tio Luiz tinha um avião, ou seja, ele estava por dentro do assunto aviação, assim, quando um casal de chilenos que fazia a volta ao mundo em um pequeno avião sofreu um acidente ao pousar e São Paulo e a hélice quebrou, o Paulo estava por ali e acabou recebendo a hélice de presente, havia até uma dedicatória escrita a caneta na própria hélice

Um belo dia, não me lembro em quais circunstancias, o Paulo me presenteou com a hélice, e eu fiquei em êxtase com aquele objeto maravilhoso!

Desde então a hélice me acompanhou por todos os locais onde morei, até de uma exposição de arte ela participou! Até que chegou a hora de nos separarmos, quando dei a hélice de presente para o casal de amigos Vera Domschke e Mario Sacconi, que estavam construindo uma casa na praia. A casa ficou pronta, linda, a conhecemos neste fim de semana, a nova morada da hélice!

é isso, por fernando stickel [ 8:38 ]

Em frente ao Museo de Arte Contemporáneo Atchugarry – MACA na Ruta 104, bairro de Manantiales em Punta del Este, no Uruguai, encontramos um pequeno museu de automóveis clássicos do clube Sport & Classic Car Punta del Este.

O curioso é o local onde o museu está instalado, conectado a um personagem polonês controverso chamado Jan(Juan) Kobylanski (1923-2019). Ele foi o fundador da União de Associações e Organizações Polonesas na América Latina, a maior organização de imigrantes poloneses da América do Sul. Após seu falecimento, os prédios de sua propriedade foram cedidos para uso do museu.

Logo na entrada existe uma grande capela cujo nome é “S.S. Juan Pablo II” dedicada à comunidade polonesa.


Retrato a óleo de Juan Kobylanski na entrada do museu.


A capela

A grande área onde se situa o museu e a capela tem um ar decadente, bucólico, parece que estamos em outra galáxia…

é isso, por fernando stickel [ 11:22 ]


O filme A Zona de Interesse dirigido por Jonathan Glazer e nossa visita a Auschwitz.

Em 2016, atendendo ao desejo da Sandra de conhecer o país natal de seu pai Stefan Pierzchalski (1931-1951), nascido em Katovice, viajamos para a Polônia, desembarcando em Krakov.

A Polônia é um país maravilhoso, lindo, fascinante. Quis o destino que o campo de concentração de Auschwitz fosse construído ali, bem perto de Krakow, e resolvemos visitar o campo em uma linda manhã de sol, calor e céu azul.

Encontramos grupos de turistas com roupas leves e coloridas, tudo limpo e manicurado. Tínhamos uma grande expectativa de como tudo isso nos impactaria, mas lá chegando não sentimos em nenhum momento algum clima de opressão ou desconforto pelo horror que ali ocorreu.

As áreas museográficas exibem em vitrines as roupas, os sapatos, os restos daqueles milhões de assassinados com rigor germânico. Fiquei particularmente impressionado com a exposição de vários documentos atestando o método alemão, tudo minuciosamente documentado e relatado, tratava-se de uma operação levada adiante com rigor científico.

Talvez o local mais soturno seja a escultura do memorial, em pedra bruta escura, com uma placa com estes dizeres:

Este lugar é sempre um grito de desespero e um aviso para a humanidade.?Aqui os nazistas assassinaram cerca de um milhão e meio de homens, mulheres e crianças.?A maioria eram judeus de diferentes países europeus.
Auschwitz-Birkenau?1940-1945

O excelente filme adicionou ao meu entendimento a chave que faltava para compreender como foi possível a ocorrência do holocausto. Uma mentira repetida um bilhão de vezes, ao longo de muitos anos, com método e rigor científico, e maciços investimentos em marketing e propaganda, aliados à ambição individual de poder dentro da rígida cadeia hierárquica do exército. Disciplina rígida e competência. E assim todos aceitaram a mentira e a tornaram um objetivo válido de vida.

Fica evidente, observando o personagem principal Rudolf Höss, comandante do campo de extermínio, a famosa frase da filósofa Hannah Arendt sobre a banalidade do mal. Ele agiu segundo o que acreditava ser o seu dever, cumprindo ordens superiores e movido pelo desejo de ascender em sua carreira profissional, na mais perfeita lógica burocrática. Cumpria ordens sem questioná-las, com o maior zelo e eficiência, sem refletir sobre o Bem ou o Mal que pudessem causar. Ele e sua família viviam ali, vizinhos do MAL como se nada fosse.

Fiquei particularmente impressionado pelos vários documentos atestando o método alemão, tudo minuciosamente documentado e relatado!

Talvez o local mais soturno seja a escultura do memorial, em pedra bruta escura.

Este lugar é sempre um grito de desespero e um aviso para a humanidade.
Aqui os nazistas assassinaram cerca de um milhão e meio de homens, mulheres e crianças.
A maioria eram judeus de diferentes países europeus.

Auschwitz-Birkenau
1940-1945

é isso, por fernando stickel [ 8:53 ]

Quem já não foi ao cinema e ficou observando os cartazes dos filmes em exibição, ou daqueles que entrarão em cartaz? De repente até decidindo assistir algo por conta do poder de persuasão deste tradicionalíssimo meio de comunicação.

O cartaz tem esse poder de captar a nossa atenção, despertar nossa curiosidade, seja pela mensagem, seja pela beleza gráfica, muitos deles verdadeiras obras de arte.

Cartazes tem sido utilizados em todo o planeta para divulgar mensagens de forma visual e impactante. em todas as áreas imagináveis, publicidade, arte, política, religião, esportes, saúde, educação, etc…

Atenta ao potencial do cartaz, tanto como arte quanto como poderosa ferramenta de comunicação, a Fundação Stickel promoveu em 2023 o concurso POSTER CONTEST – ARTE TRANSFORMA, com curadoria de Carlos Perrone, pensando em trazer um novo olhar ao tradicional concurso de cartazes.

O POSTER CONTEST marca, não apenas, a nossa entrada no universo do design gráfico, como também o início das comemorações do aniversário de 70 anos da Fundação Stickel.

Você é nosso convidado para o evento de abertura, venha descobrir os 30 projetos gráficos selecionados por um júri de 7 especialistas da área, entre os 100 projetos submetidos, incluindo o Prêmio Aquisição e os seis destaques.

Exposição Poster Contest – Arte Transforma
Abertura – sábado, 17 de fevereiro, das 11h às 16h
Espaço Fundação Stickel
Rua Nova Cidade 195 – Vila Olímpia
Catálogo disponível

Membros do júri:
Carlos Perrone; Iris Di Ciommo; José Renato Maia; José Roberto DÉlboux; Marcelo Pallotta;, Sandra Pierzchalski; Tadeu Costa


Visão da exposição

é isso, por fernando stickel [ 7:57 ]


O hotel faz parte da rede Small Luxury Hotels of the World


Cenário lindo!


Sandra na entrada do hotel

O conceito The Barracuda foi criado em 2005, quando um grupo de amigos suecos se conheceram surfando em Itacaré, BA, se apaixonaram pela beleza e a cultura da produção do cacau do lugar, às manifestações culturais de raízes afrodescendentes – na culinária, na capoeira, nas artes e na música . A eles se juntaram a paulistana Juliana Ghiotto e o seu marido itacarense Daniel Lima.

Um dos participantes do grupo é o italiano Alessandro ­Catenacci, que se mudou jovem para a Suécia, e lá criou sua empresa, o Nobis Hospitality Group, gerindo hotéis, restaurantes e clubes. Interessante que já nos hospedamos em um hotel deste grupo, o Skeppsholmen em Estocolmo, maravilhoso!

O grupo comprou um terreno paradisíaco de aproximadamente 26 hectares praticamente no centro de Itacaré, entre a Praia das Conchas e a Praia do Resende, de frente para o mar.

O Barracuda Hotel & Villas foi planejado pelo arquiteto Eduardo Leite, residente em São Paulo. Eduardo esteve envolvido neste projeto desde o início e foi quem desenvolveu o masterplan do terreno para o grupo.

A concepção do empreendimento é brilhante, pois com arquitetura e construção primorosas, as residências particulares são utilizadas pelos proprietários suecos, que também, se assim desejarem, as alugam. Como centro de serviços e administração fica o hotel, tudo imerso na mata atlântica preservada, com segurança, sustentabilidade e muita beleza.

Em junho de 2021, o Grupo The Barracuda criou seu braço social, o Instituto Yandê Itacaré, voltado para o desenvolvimento sustentável, difundindo conhecimentos, capacitação e apoio a potenciais empreendedores sociais, para que estes fortaleçam sua autonomia, gerem sustentabilidade, agreguem valor e inovação aos seus projetos e negócios sociais, sob a presidência de Juliana Ghiotto.


Quarto 14


Sandra na casa 14

é isso, por fernando stickel [ 8:51 ]

Aqui tem coisa – Um blog maduro!

O meu blog ompleta hoje, 31 janeiro 2024 exatos 21 anos de idade!

Maduro por que?

Está completando 21 anos de idade?
Assim como eu insisto em escrevê-lo, tem meia dúzia de malucos queridos que insistem em visitá-lo e talvez lê-lo?
Foram escritos 6570 posts até agora, quase um post por dia (0,88) ininterruptamente nestes 7665 dias…
Já recebi 5760 comentários nos posts, e não deixei de responder nenhum deles?
O blog já mudou de casa e de cara várias vezes?
Fiz denúncias importantes, e acabei sendo processado?
Conto histórias de todos os tipos, sempre procurando checar todos os fatos envolvidos?
Conquistei várias amizades neste métier?
Fui acometido da terrível doença FUROR BLOGUEIRO, postando mais de três vezes ao dia por longos período, da qual consegui me curar?
Comprei minha primeira câmera fotográfica digital por causa do blog?
Implementei ao longo do tempo várias funcionalidades e upgrades tecnológicos?
O “aqui tem coisa” já foi eleito um dos 100 melhores blogs do Brasil?
Melhorei a qualidade das imagens postadas, e também a quantidade de texto por post, que cresceu, na média, ao longo do tempo?
Acredito cem por cento na liberdade de expressão?
Prefiro o mundo infestado por adolescentes punheteiros que por cretinos politicamente corretos?

Acompanhe AQUI a evolução do blog, desde sua criação.

é isso, por fernando stickel [ 7:51 ]

Faleceu Carl Andre aos 88 anos de idade. Desde o dia em que descobri sua obra lá nos anos 70, fiquei fascinado e curioso.
Como suas obras podiam ser tão poderosas e simples ao mesmo tempo? Muitas delas se erguendo apenas 1 cm. acima do chão…
A mesma pergunta se aplicava às obras de Walter De Maria e Donald Judd, dois minimalistas como ele, por exemplo, mas estes tinham mais atrativos visuais, Carl Andre era minimalista raiz, e mais surpreendente!

4th Steel Square
2008
Aço (1 x 200 x 200 cm)
16 unidades, cada (1 x 50 x 50 cm)

é isso, por fernando stickel [ 18:30 ]

Desde que me conheço por gente eu controlo o meu PESO.

De alguns anos para cá um pneu se inseriu silenciosa e insidiosamente no meu figurino, fato esse que ocorreu sem mudança no peso, pois mantenho de 92 a 93 quilos, na média há pelo menos duas décadas.

Ocorre que com o envelhecimento você inevitavelmente perde massa magra, e portanto aumentei a proporção de gordura em relação ao peso total, daí o aparecimento do pneu.

Já fui ao nutricionista alguns anos atrás, aprendi tudo que é preciso aprender, fiz uma dieta, anotei e fotografei tudo o que comia, desisti, e continuo fazendo exercícios regularmente mas não na mesma intensidade de anos atrás, o que também contribuiu para o aparecimento do pneu.

Depois de muito pensar decidi que é hora, aos 75, de tomar uma atitude definitiva e me livrar do pneu, de maneira natural, e para isso resolvi observar o que faz a Sandra, minha mulher, que come praticamente as mesmas coisas que eu e mantém seu peso e seu belo corpo há décadas. Qual a diferença?

Os hábitos que coincidem:
– Horários regulares das refeições saudáveis, café da manhã, almoço e jantar
– Horários regulares de dormir e acordar
– Exercícios diários
– Check-ups anuais

Onde ela faz diferente:
– Gosta muito mais de salgados do que de doces
– Bebe pouquíssimo, talvez 5 ou 10% da quantidade que eu bebo.
– Come pouquíssima besteira, como chocolates, sorvetes, etc… talvez menos de 5% do que eu
– Faz lanche da tarde regularmente
– Não come mais nada após o jantar.

Observações feitas resolvi fazer um teste, e replicar o comportamento da Sandra durante uma semana. Sem álcool, sem doces e sem nada depois do jantar, só água.
Apenas uma exceção, que é o jantar da quarta-feira, que fazemos tradicionalmente no restaurante japonês, e aí eu me permito um ou dois sakes. Algo similar farei no sábado ou domingo.

Iniciei o teste na sexta-feira 12/01/2024, com o peso de 92,5kg. Hoje, 19/1 estou pesando 92,1kg, ou seja com esta estratégia simples, praticamente indolor, perdi 400 gramas.

A técnica é indolor, sim, contanto que você mantenha 100% do foco no objetivo, que é perder o pneu, e ganhar agilidade, usar calças que estão apertadas, etc…

Para colocar números no objetivo, vou pensar em perder cerca de 200 gramas por semana durante 20 semanas, ou seja, chegar a 88kg em 1 julho 2024. Haverão intercorrências, viagens, e várias otras cositas mas, mas no geral acho que é um bom plano, o sucesso da primeira semana me deixa animado!

é isso, por fernando stickel [ 8:26 ]


Tintim e Milu © Hergé-Moulinsart 2018

Nada como iniciar o ano de 2024 celebrando, com alguns dias de antecedência, o aniversário de 95 anos de Tintim!

Reproduzo o post do blog Arte, aqui e agora da minha amiga Sheila Leirner:

Começo 2024 com Tintim, que hoje está um jovem velhinho com o qual nós, não tão velhinhos, mas verdadeiros baby boomers , podemos nos identificar. Tintim é Hergé, seu criador, claro! O positivo e modelar herói loiro de topete da nossa infância e juventude, repórter no qual nos projetávamos, e seu cachorro Milu – com mais de 250 milhões de álbuns vendidos no mundo, traduzidos em 110 línguas e dialetos – mesmo quando não podemos dizer que fomos ou somos verdadeiros “tintinófilos”. Isso, embora o personagem tenha sido criado em 1929 e constitua apenas a parte mais visível de uma obra com outras figuras e uma grande invenção, a famosa “linha clara”: o estilo de desenho que utiliza um só traço negro em torno das imagens e que influenciou até mesmo a Pop art.

Além da centena de personagens – entre as quais estão o Professor Girassol, Dupond e Dupont, Bianca Castafiore, Nestor, Rastapopoulos, Dr. Müller -, quem pode esquecer da residência do Capitão Haddock, calcada no castelo de Cheverny? E por falar nesse marinheiro, os curadores da grande exposição no Grand Palais em Paris dedicada a Hergé, em 2016, foram felizes na criação da sua página Twitter (hoje “X”) com um “gerador de insultos”. Assim, se as pessoas tivessem uma veia um pouco masoquista e quisessem ser injuriados(as) em francês de “Bachi-bouzouk!”, “Bugre falso ao molho tártaro”, “Espécie de cabra mal penteada”, “Coloquíntida com gordura de porco-espinho” ou “Ectoplasma de rodinhas”, bastava seguir o vociferador e dialogar com ele. Eu fui insultada de “Sombra oricterope”!

Muito se fala da “questão colonialista” nas histórias de Tintim. Coisa de woke não pode faltar. Mas entre os 600 livros que lhe foram consagrados, Albert Algoud, autor do volume integral dos xingamentos do Capitão (Ed. Casterman, 2014), que lançou também o Dicionário amoroso de Tintim (Ed.Plon), esclareceu um aspecto menos conhecido. O da batalha entre célinianos e tintinófilos, sobre a paternidade dos palavrões. Teria Hergé se inspirado em Louis-Ferdinand Céline para criá-los? Ora, parece que o barbudo Haddock de bom coração – fumador de cachimbo e colérico, também nascido do célebre Pencroff, personagem de Júlio Verne em “A Ilha Misteriosa” – sim, ele proferia horrores inspirados pela pluma (antissemita) do escritor e médico francês. Que honra e… decepção.

Um grande artista contemporâneo
A origem do pseudônimo do criador de Tintim deve-se às iniciais invertidas “RG” (de Georges Rémi), cuja pronúncia é “Hergé”. Hergé (1907-1983) foi um desenhista que esgotou todas as suas possibilidades de criação, inspirando-se inclusive em outros cartunistas, países, regimes, civilizações antigas e primitivas. No processo criativo do mestre, fica evidente a influência que tiveram sobre ele diferentes formas de arte como o cinema, a fotografia e também as ilustrações de Benjamin Rabier (autor da famosa “vaca que ri” do Polenguinho francês).

Fora da obra do gênio, quanto ao indivíduo, ainda resta a sombra de um grande mistério. Ele foi de fato um grande artista contemporâneo, uma das figuras mais conhecidas do planeta, porém também uma das mais elusivas. Por esta razão talvez, não apreciei a cronologia invertida naquela exposição retrospectiva no Grand Palais, há oito anos.

Começava por mostrar um sofisticado homem de cultura, para terminar com a infância dele em Bruxelas, sua cidade natal, a admiração pelo escotismo e as imagens do primeiro amor Milu, apelido da namorada. Esse “percurso ao contrário” perturbava, e muito. Opunha-se à ambição e à luta formidável de um artista sobre o qual uma das únicas coisas que sabemos de seu íntimo é que, inversamente, desejou sair da “cinza e medíocre juventude” e ganhar o vasto mundo.

Até a próxima que agora é hoje, primeiro dia do ano e, como diria Hergé, “as maiores aventuras são as interiores”! Mas como diria também o Capitão em “O Caranguejo das pinças de ouro” (e, no momento mundial presente, você pode interpretar como quiser) “VINGANÇA! VINGANÇA! VINGANÇA! VINGANÇA! Canalhas!… Emplastros!… Pés-descalços!… Trogloditas!… Caramelos-Tchuk-tchuk!”

Feliz Ano Novo, queridos amigos e leitores!


Tintim e Capitão Haddock © Hergé-Moulinsart 2018

é isso, por fernando stickel [ 9:38 ]